sexta-feira, 1 de junho de 2012

SEGUINDO OS PASSOS DE UMA EXPRESSÃO POÉTICA DA REALIDADE DESCONHECIDA




Introdução:

...a Lei Fundamental de todo o influxo mágico baseia-se na “Polaridade”.
Todos os seres humanos sem excepção têm algo de forças eléctricas e
magnéticas em si próprios, e de modo semelhante a um íman exercem forças
de atracção e repulsão.
Essa força magnética é singularmente poderosa entre homens e mulheres que
se adoram, e torna-se indiscutível que a sua acção chega muito longe.

...a Magia Prática é a prodigiosa arte que nos permite actuar conscientemente
sobre os aspectos inferiores do Homem e da Natureza.

...o Amor é sem dúvida, o íntimo ingrediente da Magia.
É ostensivo que a maravilhosa Substância do Amor opera magicamente.

...é indubitável que as autênticas forças procriadoras, as anímicas e as
espirituais se encontram no “fundo vital” do nosso próprio organismo.

...em nome da verdade temos de dizer que não são as hormonas e as
vitaminas conhecidas aquilo que mais fundamentalmente a humanidade
precisa para viver, mas sim o pleno conhecimento do “Tu” e “Eu” e por
conseguinte o intercâmbio inteligente das mais selectas faculdades afectivas
entre o homem e a mulher.

...é indiscutivel que todos os rítmos celulares internos são anímicos. (Animae).

...a Essência e o Corpo, como um todo são passiveis de manifestação na
forma de vibrações eléctricas através do mundo das sensações exteriores e
interiores.

...a Física Nuclear veio a demostrar de forma contundente, clara e definitiva
que toda a Matéria é Imaterial.

...o mútuo amor conjugal vincula-se misticamente a esplêndidas
representações que têm a sua origem no mundo do Espírito Puro.

O Parsifal Revelado – S.A.W.



...PARA UMA COMPRENSÃO ÍNTIMA DO MISTÉRIO DA “MULHER – SÍMBOLO”:





ROSAS ASTRAIS

Eternos Impérios! Dourados Sacrários!
Chaves do Grande Todo! Rezo nos seus laudes!
Vontades quietas! Solenes Virtudes!
Entranhas do mundo! Ardentes ovários!

Acesos ritos de celestes lares!
Selados destinos do humano coro!
Sóis que as normas guardam do Tesouro! Demiúrgico!
Arcanas rosas estelares!

Arcano Celeste! Gnóstico Arcano,
onde os enígmas alçou Trismegisto.

Don Rámon del Valle Inclán


ROSA DO ORIENTE

Tem no andar a graça do felino,
em tudo cheia de profundos ecos,
engana com encantamentos mouriscos,
a sua boca escura, contos de Aladino.

Os olhos negros, cálidos, astutos,
triste de ciência antiga o sorriso,
e as vestes de flores uma brisa,

de indícios e sagrados desígnios.

Cortou a sua mão num jardim do Oriente,
a maçã da árvore proibida,
e enroscada em seus seios,
a serpente decora a luxúria com um sentido sagrado.
Nas trevas transparentes dos seus olhos,
a luz é um silvo.

Don Rámon del Valle Inclán





O DIA QUE ME QUISERES

O dia que me quiseres terá mais luz que Junho,
a noite que me quiseres será um plenilúnio,
com notas de Beethoven vibrando em cada raio,
coisas inefáveis,
e haverá juntas mais rosas,
que em todo o mês de Maio.

Mil fontes cristanas,
descerão pelas encostas,
saltando cantantes.

O dia que me quiseres, nos matagais escondidos
ressoarão arpejos nunca antes ouvidos.
Êxtase de teus olhos, todas as Primaveras
que existiram e existirão no mundo
serão quando me quiseres.

De mãos dadas qual granzas irmanadas
luzindo gotas cândidas irão as margaridas
pelos montes e pradarias diante dos teus passos,
no dia que me quiseres...

e se desfolhas uma,
dir-te-á a sua última inocente
pétala branca: apaixonadamente!

Terão todos os trevos quatro folhas adivinhas
ao nascer da alva, do dia que me quiseres
e no tanque, ninho de germens ignotos
florescerão as místicas corolas dos lotos.

O dia que me quiseres será cada celagem
uma ala maravilhosa; cada sol-posto uma miragem
das Mil e Uma Noites, cada brisa um cantar,
cada árvore uma lira, cada monte um altar.

O dia que me quiseres, para nós os dois,
caberá num só beijo,
a beatitude de Deus.

Amado Nervo



“Aprisionastes o meu coração, irmã, minha esposa”.
“tu prendestes o meu coração, com um só dos teus olhares”.
“Com uma gargantilha no pescoço”.
“Que deliciosas são as tuas carícias, irmã, minha esposa”...

“As tuas carícias são mais suaves que o vinho”!
"E o odor dos teus balsamos, excede o de todos os aromas”.
“Os teus lábios, óh esposa, são como um favo que destila mel”.
“O mel e o leite estão debaixo da tua língua,
e o odor dos teus vestidos é como o odor do incenso do Líbano”.

“Jardim fechado és, irmã, minha esposa;
jardim fechado, fonte selada”.
“As tuas plantas formam um jardim de delícias,
cheio de toda a qualidade de romãs, de frutos de cipré e de nardo”.

“Nardo e açafrão, cana aromática e canela,
todas as árvores do incenso, mirra e aloés;
e todas as principais espécies aromáticas”.
“Fontes de jardins, poço de águas vivas que com ímpeto correm do Líbano”.

“Quão belos são os teus pés, no calçado que trazes,
óh filha do príncipe”.
“Os contornos das tuas coxas são joias fabricadas por mãos de mestres”.
“O teu umbigo é uma taça feita ao torno que nunca está desprovista de licores.
E o teu ventre é um monte de trigo cercado de lírios”.
“Os teus dois seios são dois cabritinhos, filhos gêmeos de uma gazela”.

“O teu pescoço é uma torre de marfim; os teus olhos são as piscinas de
Hesbon, situadas junto à porta de Bat-rabin”.
“O teu nariz é a torre do Líbano, que olha para Damasco”.
“A tua cabeça é o Monte Carmelo e os cabelos da tua cabeça são a púrpura do rei
suspensa nos corredores”.

(Veja-se o Cântico dos Canticos: Bíblia, Antigo Testamento)





Oplascências encantadoras e deliciosas de âmbar com hialianas flutuações de
misteriosa miragem...
Diluições de luz como que de inefáveis luzeiros através de uma ramagem
perfumada...
Douradas linhas que morrem no solo, afogadas pelas incertezas da atmosfera
que desenha com as nuvens caprichos femininos sobre as doces florações de
maiólica...
Transparência aquática de espectral encanto envolve as coisas em uma suave
carícia cósmica...
No mistério da noite, a sala afogada em uma penumbra de vacuidades
palustres...
As colunas, as ânforas, as taças assemelham-se em verdade a enormes flores
lacustres, adormecidas numa palidez láctea...
Há no ambiente um não sei quê...flutuam no ar pressentimentos de ângustias...
Sobre um vaso de alabastro, algumas flores lânguidas morrem...
A luz de Selene, taciturna, pálida como a morte, entra pela janela simulando
um xaile de prata...
O silêncio é sepulcral, profundo e doloroso, como um grande coração cheio de
infinitos pressentimentos...
No nocturno céu salpicado de estrelas que palpitam docemente, fundem-se
lentamente, os matizes...
Os últimos raios solares que morrem atrás do enigma das folhas, semeiam

grandes cicatrizes vermelhas...
Estranha hora em que o céu de safira sente a infinita dor de morrer...
Os seres e as coisas nascem e morrem no seio profundo de um sonho
obsessivo...
A sombra cresce pouco a pouco, agiganta-se, parece um monstro tragando a
vida...
Calma profunda, frescura de folhagem; nudez da noite florescente; defloração
de rosas do Ocaso, caídas palidamente no silêncio...
O globo da esquiva Lua surge cheio de brumas; iridiscentes e deliciosas
miragens sobre a fria palidez do bosque, cheio de ternuras impossíveis de
narrar com palavras...
Raiou a Alva...sobre o fundo azul do lago, o perfil vago das nuvens
assemelhava-se a carneiros brancos...
E começa-se a ver o dia com luz indecisa, como uma carícia de Lua sobre as
cinzas de um monte recém-queimado para o plantio...
O Sol luziu como tocha de meu Verbo, círio nupcial carregado de agradáveis
perfumes...
Radiosa manhã em que o voo das pombas enternecidas misturou-se com a
queda do orvalho, caíndo como um balsamo perfumado sobre a terra...
Uma melodia misteriosa percorre as paragens envoltas por uma luz diáfana e
se esparge no longínquo Espaço, como uma fragância deliciosa, como o hálito
da Alma do mar próximo...
Tudo em claridades difusas, cheias de estremecimentos musicais, parece
preparar-se para escutar o milagre da “Palavra”: a Divina Anunciação do
Verbo.

Meu regresso ao Tibete

– S.A.W.




Sem comentários:

Enviar um comentário