quarta-feira, 11 de abril de 2012

PARA A VIVÊNCIA DE UM SABER DIALÉCTICO HUMANAMENTE SOCIAL






1...interessar-se por forjar uma auto-educação e uma auto-dialéctica.

2...que a passagem pelas disputas de interesses de grupos e crenças religiosas seja de âmbito breve quanto possível.

3...que cedo se forme no nosso espírito os traços gerais de uma Religião para que mantendo-se um certo número de Princípios se possa no entanto dispensar toda a crença vulgar e cómoda, estabelecendo-se ao mesmo tempo uma ligação edónea entre o Sentimento de Elevação e as nossas atitudes de vida comum que sejam do nosso interesse.

4...vibrar intimamente com o Pensamento Científico e Filosófico Humanista, com os Quadros Dramatizados da História, sentir-se uno com a Corrente dos Homens Fortes, de Vontade de Ferro, que são capazes de se sacrificar numa linha inflexível pelo que têm posto como ideal e assim afirmar-nos no Mundo, empregando todos os meios ao alcance, induzindo assim a aparecerem os que nos faltam. 

5...começar por sentir algo de estranheza face aos gestos heróicos e uma compreensão mais apurada no que revela a Humanidade média com as suas Qualidades e os seus  defeitos, mas capaz de um entendimento de cooperação  na relação social.

6...avançar para um ensaio vivo com uma triplice vertente:
a)-encarar sempre o que nos propomos atingir, não como um sonho, um delírio de imaginação, um contemplar em que se perde o tempo todo, mas como um alvo que se faz simples e realizável que se tem de atingir a todo o custo.
b)-pôr como tarefa fundamental da vida, a construção das Qualidades de uma Alma Virtuosa ou seja, de alguém que não prejudicando o outro o ajuda-o até quanto possível e ao mesmo tempo não deixar por mãos alheias os próprios interesses.
c)-cultivar uma cultura intelectiva de compreensão que exalte a experiência, o contacto directo com as coisas e que nos sirva de expressão verbal e mental de modo a fazer prevalecer os nossos argumentos.

7...que as dificuldades e as hostilidades alheias sirvam para fortalecer na nossa Interioridade as convicções próprias contra as tiranias e nos forneçam as bases inabaláveis para emprendimentos futuros.

8...fazer prevalecer ante as dificuldades um tipo de Vontade sem rigidez, sem dureza e ascetismo, mas que no entanto modele lentamente o pequeno mundo que nos envolve.

9...permitir que em nós brilhe uma explendida natureza íntima, afirmando-nos no perdão de todas as injúrias particulares, a estar disposto a prestar todos os serviços possiveis ao bem comum, ter firmeza na resistência a toda a opressão, a toda a toda a tentativa do poder público para diminuir a liberdade do cidadão, pois esta é o fundamento de toda a prosperidade material e de toda a Cultura do Espírito.

10...tomar partido na defesa da Liberdade de Pensamento e o direito de o exprimir, desde que não implique na segurança e independência dos outros.







11...ter presente no nosso entendimento que a supressão da liberdade de expressão é o primeiro passo para que se estabeleçam as tiranias mais violentas porque a pequenez de Alma teme a crítica, uma vez que o seu objectivo é oprimir os seus concidadãos, e ao mesmo tempo torna necessário reconhecer que a existência de um hipócrita num lugar de Governo é a pior calamidade que pode afligir os cidadãos.

12...desabrochar a capacidade de auto-crítica apresentando para si próprio excelentes razões de auto-convencimento correcto com base em Princípios Cósmicos ou Naturais e em concomitância lógica, o que nos agrade ou seja propício executar.

13...não fraquejar de desânimo ante a inevitabilidade dos acontecimentos desagradáveis e nas relações acidentais com os nossos semelhantes mostrar afecto, vivacidade, habilidade em se fazer valer e de modo a registar toda a experiência que nos seja útil.

14...ante a adversidade e circunstâncias forçadas submeter-nos e energicamente e com inteligência incrementar a convicção de ser um vencedor sem que o sentimentalismo ou remorso nos roube a menor parcela de energia.

15...abrir-nos à convicção perceptiva que o Mundo com as qualidades e as deficiências que surgem ante os nossos olhos é o melhor que pode ser e que é absurdo importar-nos com a distinção entre vícios e virtudes, pois o ser humano comum vivendo em estado psicológico de sonho não merece censura ou elogios, não pode ser livre, comporta-se como ente mecânico, faz o que tem a fazer movido por engrenagens psiquicas que desconhece.




16...no âmbito de uma consciencialização religiosa, ter presente que isso que se chama de Alma não é algo de imortal, que são Qualidades que se forjam ou que se perdem ante uma interacção em graus de potencialidades energéticas que são vulgarmente denominadas de Espírito e Matéria.

17...situar-nos ante o que temos de fazer com coragem e placidamente, sem lamentações contra a sorte e sem criar face à vida o sentimento de inferioridade pois a vida logo se aproveitaria de tal coisa para nos maltratar.

18...fazer o nosso trabalho com a máxima correcção sem optar por esquemas convencionais de sustentação pessoal, não ter medo e confiar no manancial de possibilidades que a própria vida nos pode presentear.

19...ter em consideração e forte convencimento de que a pequena solidez vale mais do que as grandes incertezas e de que o núcleo que pode aguentar-se em si e por si mesmo algum dia se multiplica e vence.

20...agir sobre os outros na medida que nos tenhamos aperfeiçoado e avançado no caminho da Virtude.

21...estabelecer um programa e um método de verificação para comprovar “decisões finais” na entrada no “caminho da Transformação pessoal”, praticando a Temperança; o Silêncio, pela precisão da palavra; a ordem das coisas; fazer cada trabalho a seu tempo; ser resoluto, determinar o que fazer e executar o que se determina; praticar a Frugalidade, a Diligência, ocupando-se sempre com algo de útil; ser Sinsero; ter sentido de Justiça; não negar-se aos favores que se deve; ser Moderado, evitar os extremismos e o ressentimento contra as injustiças como se elas fossem importantes; ter Tranquilidade, não se perturbar por ninharias; ser Humilde; praticar a Castidade Científica e fazer um “inventário” das faltas cometidas, procurando, não que tais falhas nunca apareçam, mas que diminuam gradualmente.

22...ter um sentido cuidadoso no que se relaciona com as Autoridades e Crenças Religiosas, pois mais se consegue para si próprio e para os outros por meios brandos do que por meios de ataque, que só cria inimizades e que impedem que se adopte as boas medidas a propôr.




23...no Desenvolvimento de tipo Superior é sumamente conveniente olhar-se para as relações humanas, a actividade social que permita realizar-se a um tempo o Bem dos outros e o nosso, que vai educando gradualmente de modo a suprimir os defeitos pessoais e a suportar os defeitos dos demais, sempre com Tolerância, com Simpatia, sem as exigências que se podem exigir a outras purezas de espírito.

24...no relacionamento normal com os demais concidadãos, não devemos situar-nos no sentimento de amor lírico e exaltado, vendo-os com altíssimas qualidades a ponto de se lhes exigir o que não podem dar, pelo que torna-se inconveniente a exortação aos ascetismos, renúncias ou marchas gloriosas para as Regiões Angélicas, mas sim dar uma orientação correcta, positiva e organizada da vida comum, dando o melhor de nós para com os semelhantes.

25...no que se refere ao próprio desenvolvimento íntimo, este deve estar orientado para a penetração no “Desconhecido”, para a Investigação dos Fenómenos Naturais e tendo presente no espírito que as pessoas não podem ser melhores enquanto as coisas não o forem, e que é um dever, um dever agradável, que aquilo que se viu com mais inteligência ou melhores circunstâncias servir para o progresso material, inventando comodidades de vida que possam estender-se a toda a Comunidade, imprimindo um  espírito de alegria e compreensão para benefício geral.

26...compreender que o caminho para a conquista económica assenta no trabalho dedicado e na poupança, tendo em consideração que a pobreza não trás consigo nada de bom e que uma sólida situação económica serve de base para o melhoramento da inteligência e carácter quando assenta numa solidez Ética.

27...ser-se capaz de estabelecer uma relação social com espírito fraterno e cuidadosa distância, pois temos de olhar o Mundo tal como ele se apresenta e ao mesmo tempo ter uma exigência de triunfo nesse mesmo Mundo, pois torna-se uma condição indispensável para de algum modo ser possivel transformá-lo, sabendo que a transformação há-de ser lenta, com hesitação, recaídas, talvez não por causa da própria natureza do homem, mas pelo menos no que as circunstâncias da vida fizeram dele.

28...ao actuar-se no campo social e também no âmbito pessoal não pensar-se em façanhas heróicas e a conquistar o impossível, mas sim com os pés bem assentes na terra, ir com passo calmo e pacífico, olhando para as vitórias de cada dia e não para glórias futuras que não se poderá usufruir e de que nem sequer se tem a certeza.

29...sentir-se como um igual a todos os semelhantes sem delírios de superioridade, contudo quando se vai para acontecimentos novos e que transformam realmente o aspecto do Mundo, levar o olhar fito na resplandecente Estrela que fulgura nas Alturas que solitária cruza o Firmamento nocturno.

30...na percepção das realidades sociais que nos envolvem pode-se ver que os defeitos de um Governo e a origem de todos os conflitos não está tanto na qualidade das pessoas mas nos vícios das Instituições e que nestes nossos tempos o homem ainda está confrontado com a exploração económica e por conseguinte a opressão política de um pequeno grupo bem organizado sobre a grande maioria dos cidadãos.

31...nas acções do homem comum, percebe-se que os interesses materiais podem operar maravilhas e que qualquer proposta que alargue benefícios apresenta-se luminosa a quem neles vê probabilidades de lucro, contudo e apesar de ser esta a condição vulgar da pessoa humana, não deve haver pessimismo sempre e quando nos debatemos pelo desenvolvimento de maiores possibilidades humanas, seja no campo material ou espiritual, requerendo-se apenas uma atitude cuidadosa e tacto suficiente para fazer que tudo possa ser útil mesmo que à Moral convencional e retrógada apareça como algo errado.




32...na actuação do nosso presente olhemos para o passado num quadro geral de contemplaçãao e auto-crítica de modo a ganhar mais Consciência sobre o que até aqui fomos e fizemos, tendo no nosso entendimento que do passado só nos interessa o que de ensinamento ele encerra e contém força de avanço, pois o resto está morto.

33...o passado não pode servir de quadro de existência a quem realmente vive para construir, tanto no presente como no porvir, e ter em consideração que o trabalho de cooperação deve sobrepôr-se ao individual por este ser de ordem dispersa e o outro partir da base que toda a Boa Obra é de todos e que aponta para o surgir de uma outra Humanidade mais fraterna.

34...os que têm como ideal uma Organização do Mundo apoiada sobre a Fraternidade e a Cooperação têm que apoiar-se na Paciência, no sentido de Eternidade Universal, de quanto fugidia é a passagem do Homem sobre a Terra e com uma Visão de Águia quanto à marcha do porvir da Humanidade.

35...ante isso que se chama Morte, não se a deve temer, seja qual for a forma que se apresentar; encará-la como um fenómeno da Vida, por certo algo desconfortável, mas que terá de aceitar-se com simplicidade e corajosa serenidade.